Últimos vídeos    |  Se inscreva no canal
Resenha: Meu Ano de Descanso e Relaxamento  Leituras de 2022  Resenha: Belo Mundo, Onde Você Está
Semana do Consumidor Amazon | Livros

Starters [Lissa Price]

Distopia 26 de setembro de 2012 Aline T.K.M. 7 comentários

Callie perdeu os pais quando a Guerra dos Esporos varreu todas as pessoas entre 20 e 60 anos. Ela e seu irmão mais novo, Tyler, estão se virando, vivendo como desabrigados com seu amigo Michael e lutando contra rebeldes que os matariam por uma bolacha.
A única esperança de Callie é Prime Destinations, um lugar perturbador em Berverly Hills que abriga uma misteriosa figura conhecida como Velho. Ele contrata adolescentes para alugar seus corpos aos Enders — idosos que desejam ser jovens novamente. Callie, desesperada pelo dinheiro que os ajudará a sobreviver, concorda em ser uma doadora. Mas o que parecia ser a solução é apenas o começo de grandes descobertas... E Callie terá que lutar para tentar sobreviver.


Encontrando a ficção científica, Starters apenas simpatiza com a tão comentada distopia. O caos em que vivem os personagens é fator-chave para todos os acontecimentos na trama, mas não ganha tanta profundidade quanto deseja o leitor ao mergulhar na história.

O tema não alcança todo o seu potencial, apesar de ser interessante e servir de gancho para reflexões e comparações com o mundo (e valores) contemporâneos. A ideia do aluguel de corpos, enaltecendo a juventude apenas em sua estética, sugere forte relação com a atual inversão de valores, estes tão baseados na aparência e no poder aquisitivo. O corpo, tão valorizado na vida real, na trama é descartável, propriedade de ninguém - ou melhor, de quem tem grana para comprá-lo, literalmente.

O sentimentalismo aparece, muitas vezes, em excesso e desorientado, como que meio deslocado na festa de elementos que compõem a trama. Entendo a questão do irmão doente e o fato de ser o gatilho para os (maiores) problemas da protagonista, Cally. Mas não foram raras as vezes em que não me senti totalmente convencida pela narrativa. Senti certa carência de explicações. O envolvimento romântico entre Cally e Blake, além do ciúme e da sugestão de um possível triângulo amoroso com Michael, foi tão óbvio quanto supérfluo.

Apesar de nenhum dos personagens ter realmente chamado minha atenção, o Velho tem ares de vilão intrigante. Imaginei muito forte um teor psicológico pesado ligado a ele - e secretamente desejo que seja assim na continuação da série.

Apesar das críticas, o livro diverte e, como disse lá no início, o tema pode render momentos produtivos de "exercício tico e teco". O final levanta os ânimos, já relativamente desgastados com o decorrer da história; sendo assim, a probabilidade de terminar a leitura curioso(a) e querendo ler a continuação é grandinha. Ainda, há sempre a esperança de que as continuações "resolvam" os deslizes do primeiro volume (superficialidade, falta de explicações,…), embora eu pense que uma trama coerente e que se justifique é como o "acabamento" da história - indispensável e fator determinante de sua qualidade.

Título: Starters
Título original: Starters
Autor(a): Lissa Price
Editora: Novo Conceito
Edição: 2012
Ano da obra: 2012
Páginas: 368

Vi na Livraria: O Museu do Peixe Morto, de Charles D'Ambrosio

Charles D'Ambrosio 17 de setembro de 2012 Aline T.K.M. 3 comentários


Basicamente, o motivo pelo qual O Museu do Peixe Morto me atraiu em meio a tantos outros títulos, todos misturados em um display na livraria, foi justamente o próprio título. Através da sinopse, percebi que o livro é notável e merece atenção. Digam se não estou certa:

O MUSEU DO PEIXE MORTO, de Charles D'Ambrosio, Ed. Grua, 2010.
SINOPSE: Os oito contos de O Museu do Peixe Morto apareceram originalmente em importantes publicações americanas como The New Yorker e fizeram parte de coletâneas como The Best American Short Stories (2004 e 2005). No Brasil, o conto "Roteirista" foi publicado pela Serrote (número 3, dezembro de 2009), que apresentou o autor como “um dos mais hábeis e envolventes narradores norte-americanos da atualidade”.

No conto "O esquema geral das coisas", um casal de picaretas sai pelo interior, em meio a fazendas de milho e caipiras, tentando conseguir dinheiro à custa de pequenos golpes. Um casal de velhos os acolhe, e essa é uma boa medida do trabalho de D'Ambrosio, que se equilibra com maestria no falso paradoxo entre vidas à margem e lirismo. As personagens são acolhidas. Os tipos esquisitões, tão comuns no imaginário da sociedade americana, ganham aqui um novo e desassombrado olhar. O menino que mora no orfanato de freiras e cujo pai ficou incapaz num acidente que matou a mãe; o roteirista bem-sucedido que é internado com diagnóstico de suicida em uma clínica psiquiátrica; o homem que conserta máquinas de escrever, ofício que herdou do pai e que não poderá passar ao filho, esquizofrênico; o rapaz que sai em direção ao mar com a urna de cinzas do avô, dando carona a estranhos.

Charles D’Ambrosio escreve sobre os Estados Unidos dos pequenos dramas, e é do país oculto na grande e heróica nação que ele extrai a matéria-prima para sua literatura, que tem conquistado crítica e público.

Cadernos de viagem, encontro de arte + literatura

À la française 6 de setembro de 2012 Aline T.K.M. 4 comentários

Este post estava no forno há meses e a ideia inicial era fazê-lo em forma de vídeo. Mas quem está sempre por aqui já notou que até hoje só fiz 2 vídeos para o blog. Não é má vontade e nem preguiça, juro. É só que me falta um “ânimo interior” para fazer mais vídeos. Um dia eu supero isso!
Então, vamos ao que interessa...

VOCÊS CURTEM LITERATURA DE VIAGEM?
MAIS PRECISAMENTE, JÁ VIRAM/LERAM UM DIÁRIO OU CADERNO DE VIAGEM?


LITERATURA DE VIAGEM
É o relato/escrita de viagem acrescida de valor literário; as memórias das experiências do autor ao visitar um local em situação de viagem. A narrativa é coerente, e a estética é importante – não se trata da simples enumeração de datas e eventos. Geralmente, é baseada em relatos de viagens reais, mas também pode aparecer em forma de ficção.

A literatura ou relato de viagem espalhou-se bastante durante os séculos XV e XVI, com os grandes Descobrimentos. Relacionava-se à necessidade de registrar informações geográficas, atmosféricas, rotas... Mais adiante, foram incorporados aspectos mais antropológicos devido à curiosidade e à própria vontade de descrever os cenários, os povos e seus costumes, a fauna e flora. Tudo era novo e exótico, portanto merecia ser registrado!

A literatura de viagem, de maneira geral, compreende roteiros, diários de bordo (apontamentos de marinheiros, viajantes ou escrivães), cartas enviadas aos reis. Um exemplo bem conhecido é A Carta, de Pero Vaz de Caminha. É possível encontrar narrativas de viagens de épocas ainda mais distantes – como Odisseia (de Homero) e As Viagens de Marco Polo. Como exemplos mais recentes, podemos citar Diários de Bicicleta (de David Byrne), além de algumas obras do brasileiro Érico Veríssimo (México - história duma viagem, Israel em abril, etc).


E OS DIÁRIOS E CADERNOS DE VIAGEM?
O diário ou caderno de viagem é um gênero que mescla literatura e arte. Geralmente traz a viagem em seu sentido mais amplo, mostrando a descoberta e exploração do desconhecido, podendo o contexto girar em torno de um tema específico ou não. Além disso, a impressão pessoal do autor é muito forte e essencial neste tipo de obra, que muitas vezes tem caráter subjetivo.
O diário de viagem normalmente apresenta pouco texto (muitas vezes disperso pelas páginas) e um importante aspecto plástico - croquis, desenhos, composições a partir de colagens ou fotos. Muitos escritores-artistas utilizam o popular Moleskine para conceber suas obras.

Resolvi falar sobre cadernos de viagem aqui no blog justamente porque, após quase um ano morando na França, notei que não é um gênero muito difundido aqui no Brasil.
Na Europa, os cadernos de viagem são muito apreciados e há editoras que se especializam neste nicho – estagiei em uma delas, inclusive.

Ainda, existe um evento anual acerca dos cadernos de viagem na cidade francesa de Clermont-Ferrand. O Rendez-vous du Carnet de Voyage* acontece todos os anos desde 2000 e traz exposições de cadernos de viagem, encontros (com carnettistes, autores e ilustradores), projeção de filmes, além de palestras, ateliês e premiações de obras e artistas. Cada edição prioriza um ou alguns temas (geralmente um país ou região do mundo). O tema de destaque da 13ª edição, que ocorrerá em novembro deste ano, é a Península Ibérica e a América Latina.
*Ver "LINKS RELACIONADOS"

O motivo principal pelo qual eu queria ter feito este post em forma de vídeo era para mostrar para vocês alguns cadernos de viagem que eu trouxe comigo na mala, todos da editora Reflets d’ailleurs, na qual estagiei. São livros com um trabalho artístico muito notável. Mas, como não rolou vídeo, fiz fotos dos livros para ilustrar o post.







Para vocês terem uma ideia melhor de como são as ilustrações em um caderno de viagem, sugiro que deem uma espiada no site da Urban Sketchers*, uma organização sem fins lucrativos conhecida no mundo todo, que reúne e incentiva o desenho urbano local e seus artistas. O Brasil tem seu próprio blog, parte da organização, o Urban Sketchers Brasil*.
*Ver "LINKS RELACIONADOS"


PARA VER
Diário de viagem: vídeo que mostra desenhos de um diário de viagem. Bem maneiro.
Imagens de cadernos de viagem (Creative travel journals, no blog Black Eiffel – em inglês).


LINKS RELACIONADOS
Rendez-vous du Carnet de Voyagewww.rendezvous-carnetdevoyage.com
Urban Sketcherswww.urbansketchers.org
Urban Sketchers Brasilbrasil.urbansketchers.org

Parceiros