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Baixo Calão [Réjean Ducharme]

À la française 4 de janeiro de 2013 Aline T.K.M. 3 comentários

Johnny, o narrador, leva uma vida infernal entre sua companheira Exa Torrent e a amiga de todas as horas (e mulher do seu irmão adotivo), que ele chama de Tarazinha. E ainda há Pope, uma garçonete de um bar não muito comportado, com quem Johnny também tem uma relação. Ao encontrar uns escritos, Johnny vê no autor muito de si mesmo e de sua vida. Duas histórias que, inevitavelmente, acabam por se entrelaçar.

Cansado das narrativas convencionais? De leituras fáceis e rapidinhas? Seus problemas acabaram!

Gozações à parte, Baixo Calão é uma leitura, digamos, peculiar. Tudo é visto através dos olhos de Johnny, que parece debochar do amor, desconstruindo-o à medida que ele mesmo parece se decompor.

Vazio. Tudo se situa entre o afeto e o desespero, uma viagem contínua entre extremos. Vivendo no limite, os personagens demonstram, através de golpes físicos e psicológicos, o desespero de amar e o autodesprezo. A atmosfera é pessimista; os amores, errantes e fadados ao fracasso.

A narrativa confunde ao nos transportar brutalmente de uma situação a outra. Os lugares são outros sem que o leitor seja previamente avisado. Muitas vezes, é difícil identificar de qual personagem vêm determinadas falas, ou mesmo a quem o narrador está se referindo. A falta da sensação de “começo, meio e fim” bem definidos deixa a impressão de que nada acontece, nunca.
Complicação extra: o narrador lê, em um manuscrito encontrado por acaso, uma história que se parece estranhamente com a sua, que se mescla a ela, inclusive.
Complicação extra #2: a ausência de capítulos torna o texto cansativo e exige uma leitura continuada, sem pausas muito longas. (Então, nada de esquecer o livro largado durante uns dias e depois querer retomar a leitura!)

LEIA PORQUE...
Apesar desses pontos de confusão, a narrativa é poética. A junção do linguajar baixo e das doses altíssimas de – mais uma vez – desespero dá origem a frases sonoras, muitas vezes com rimas. Por ser tão visceral e também introspectivo, o texto tem seus atrativos para quem gosta dessas características.
Além disso, o autor, o quebequense ou québécois (em francês fica mais charmoso!) Réjean Ducharme, é conceituadíssimo. Conheceu o sucesso desde o início de sua carreira, mas, curiosamente, leva uma vida reclusa há algumas décadas (não concede entrevistas nem faz aparições públicas).

Será que somos todos iguais, que podemos tão mal nos suportar, que só esperamos uma oportunidade para nos jogar. Dentro de algum outro se possível? Será que a salvação é o outro, como não dizia o outro?

DA EXPERIÊNCIA...
Baixo Calão foi uma leitura complexa, demorei mais tempo que o habitual para concluí-la. A densidade do texto e as complicaçõezinhas dele (sem esquecer as “complicações extra”!) fazem com que eu indique o livro apenas ao leitor que tiver curiosidade de ler algo do Ducharme. Ok, até é interessante pela intensidade do texto, mas nada que você não consiga passar sem.

FEZ PENSAR EM...
Neve. E mais um punhado de coisas depressivas. Amor passado do ponto, cujo lirismo murchou, apodreceu. Uma música do Legião Urbana, não lembro qual.

Título: Baixo Calão
Título original: Gros Mots
Autor(a): Réjean Ducharme
Editora: Estação Liberdade
Edição: 2005
Ano da obra: 1999
Páginas: 320

Aline T.K.M.
Criou o Livro Lab há 12 anos e se dedicar a este projeto é uma das coisas que mais ama fazer, além de estar em contato com os mais variados tipos de expressões artísticas. Tem paixão por cinema, viajar e conhecer outras culturas. Ah, e ama ler em francês!

 

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3 comentários

  1. O livro parece bom mesmo e muito complexo.
    Odeio livros sem capítulos, mas isso nos força a continuar lendo sem parar para não nos perdemos.

    Bjão!

    livronasmaos.blogspot.com.br

    ResponderExcluir
  2. Não sei se seria o tipo de livro que leria. Mas parece ser bom, apesar da falta de capítulos o que me deixa um pouco perdida. Fora que, como você comentou, deixa mais cansativo a leitura... Mas pra quem tem curiosidade vale a pena ;D

    Beijos

    ResponderExcluir
  3. Não conhecia o livro, mas fiquei super interessada e leria, acima de tudo, pelo desafio que o livro impõe. Narrativas diferenciadas me atraem mais do que muitas sinopses e, geralmente, livros que exigem mais de nós valem muito a pena...

    Beijos!

    ResponderExcluir

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